quarta-feira, 31 de março de 2010

CÂNCER NEOPLASIA

Iremos abordar nesta matéria de forma prática e clara sobre está misteriosa doença o Câncer -  começando com o significado Neoplasia e Câncer

CÂNCER A palavra câncer tem origem no latim, cujo significado é caranguejo. Tem esse nome, pois as células doentes atacam e se infiltram nas células sadias como se fossem os tentáculos de um caranguejo.


NEOPLASIA -  Neo = novo, plasia formação é o termo que designa alterações celulares que acarretam um crescimento exagerado destas células, ou seja, proliferação celular anormal, sem controle e autonomia, na qual reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar, em consequência de mudanças nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celulares. A neoplasia pode ser maligna ou benigna.


 O câncer é a multiplicação descontrolada de células defeituosas ou atípicas, que escapam do controle do sistema imunológico humano por algum motivo até hoje desconhecido. Estas células se dividem rapidamente e tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, ou seja, acumulo de células cancerosas

Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes, assim dá-se a mutação genética. As células alteradas passam a receber instruções erradas para as suas atividades. Assim, as alterações podem ocorrer em genes especiais que a princípio são inativos em células normais.

Quando ativados, transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignação, ou seja, cancerização das células normais.

A formação do câncer em geral se dá de forma lenta, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo é composto por três estágios, ou seja:

-Estágio de iniciação, onde as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos que provocam modificações em alguns de seus genes;

-Estágio de promoção, nele as células geneticamente alteradas sofrem o efeito dos agentes cancerígenos, denominados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna de forma lenta e gradual e;

-Estágio de progressão que se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas, neste estágio o câncer já se encontra instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença.

No Brasil, são mais de um milhão de novos casos desta temida doença por ano, sendo que inúmeros casos nem sequer são registrados.

Se somente a suspeita de câncer já provoca imensa ansiedade, o que dizer sobre a confirmação do diagnóstico que, infelizmente, muitas das vezes é transmitido por profissionais que não estão aptos para delicada tarefa, ou seja, informar o resultado do diagnóstico.

O diagnóstico do câncer tem o poder de mudar totalmente a vida do paciente. Algumas pessoas modificam completamente seus hábitos, passam a rever conceitos, valores, crenças, comportamentos e atitudes, promovendo assim, uma reviravolta em suas vidas.

Esta constatação é bastante sofrida, principalmente porque o paciente de câncer é estigmatizado e sente-se diferente.

Às vezes o mesmo tipo de câncer tem evolução, prognóstico, tempo e condições diferentes e para isso a ciência ainda não encontrou nenhuma explicação. Um prognóstico otimista não afasta a possibilidade de recidivas metástases, porém, de outro lado, um mau prognóstico não significa uma sentença de morte, constituindo este o grande mistério do câncer, para desespero dos médicos e pesquisadores.

O câncer é uma doença tão misteriosa que tem um grau de agressividade inversamente proporcional à idade de sua vítima.

Após o terremoto emocional que sofre uma vítima de câncer ao saber de seu diagnóstico, vem uma fase em que o paciente espera estar em um pesadelo e o que mais deseja é acordar. Neste período surge as crises existenciais e a depressão, da qual muitos só se recuperam após muito tempo e com ajuda de profissionais e de medicamentos. Tristeza, apatia, sensação de vazio e um sofrimento insuportável, sem qualquer causa aparente, a depressão pode ser considerada um efeito colateral da doença principal e afeta os pensamentos, sentimentos, saúde e até mesmo o comportamento do paciente de câncer.

Durante o período entre o diagnóstico e a retomada do cotidiano, existe tempo suficiente para pensar e analisar o sentido da vida que se viveu até então. A partir daí passa-se a observar e entender melhor o significado de coisas simples, valorizando-se prioritariamente os aspectos não materiais.

Existem exemplos de pacientes que, após um diagnóstico de câncer, consagram-se inteiramente a trabalhos sociais voluntários, onde ajudam pessoas carentes ou até mesmo realizando sonhos como conhecendo outros países, dedicando-se à música, às artes ou se voltam completamente para o lado religioso.

Felizmente, temos a disposição instituições, ONGs e grupos de apoio que ajudam o paciente de câncer, onde promovem reuniões de compartilhamento, palestras, eventos e atividades das mais diversas possíveis, visando aliviar a "síndrome do câncer", que acomete tanto seu pacientes quanto seus familiares.

Ter câncer, além de custar muito sofrimento, custa muito dinheiro. Sofrimento físico e psicológico, incertezas e ameaças, tratamentos bastante agressivos e muitas vezes mutilantes, medicamentos de uso contínuo e exames muito caros, além da ameaça da metástase para o resto da vida.

Não bastando tudo isso, o paciente tem ainda o pesado encargo de buscar e fazer valer os seus direitos, enfrentando todo tipo de empecilhos.

Diante de toda essa inesperada sobrecarga que adiciona à sua vida um custo emocional e financeiro, o paciente merece uma proteção especial do Estado.

Os documentos são muito importantes não só para os pacientes como também seus médicos e advogados. Laudos, radiografias, tomografias e exames, em alguns casos podem se constituir em documentos importantes para a comprovação da existência de uma situação garantidora de seus direitos.

Até mesmo um documento anterior a doença serve como referencial para que o médico tenha meios de estabelecer comparativos, avaliar a doença e diminuir as dúvidas.

Um aspecto muito importante é a prova dos direitos do paciente através de laudos e exames. Se uma pessoa contratar um plano de saúde ou seguro de vida e surgirem perguntas posteriores a respeito da existência de doenças preexistentes, um laudo ou exame poderá esclarecer a situação, evitando assim, maiores aborrecimentos.
Termos com o sufixo -plasia

(Ana)plasia - desdiferenciação

(Hiper)plasia - proliferação fisiológica

(Neo)plasia - proliferação anormal

(Dis)plasia - maturação anormal

(Meta)plasia - conversão de tipo celular

O dia 8 de abril é considerado o Dia Mundial de Combate ao câncer.

Tatybelaenf!



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Uma Abordagem sobre Quimioterapia!




Muitas pessoas me perguntam sobre quimioterapicos, estarei postando aqui um pouco sobre essas drogas que manuseio no dia a dia.
Vou abordar um pouco da história dessas drogas.
O uso de substâncias químicas e drogas como medicação data na época do médico persa, Muhammad ibn Zakarīya Rāzi (ou Rasis), que no século X introduziu o uso de substâncias químicas como ácido sulfúricocobremercúrio, sais de arsênicosal amoníacoourocréargilacoralpérolaalcatrãobetume e álcool para propósitos médicos. A primeira droga usada para a quimioterapia do câncer, entretanto, data por volta do século XX, através de uma substância que não foi primeiramente usada com este propósito. O gás mostarda foi usado na guerra química durante a Primeira Guerra Mundial e foi estudada posteriormente durante a Segunda Guerra Mundial. Durante uma operação militar na Segunda Guerra Mundial, um grupo de pessoas foram expostas acidentalmente ao gás mostarda e posteriormente descobriu-se que ela tiveram uma diminuição na contagem de leucócitos do sangue. Foi então deduzido que um agente que danificava rapidamente o crescimento de leucócitos deveria ter um efeito similar no câncer. Depois disto, na década de 40, muitos pacientes com linfoma avançado receberam a droga por via intravenosa, ao invés de inalar o gás. A melhora destes pacientes, embora temporária, foi notável. Esta experiência levou a pesquisas com outras substâncias que tinham efeito similar contra o câncer. Como resultado, muitas outras drogas foram sendo desenvolvidas no tratamento contra o câncer.


A quimioterapia consiste no emprego de drogas para combater o câncer.
Esses medicamentos, chamados quimioterápicos, atuam combatendo as células doentes, destruindo e/ou controlando seu desenvolvimento.
Podem ser ministradas isoladamente (monoquimioterapia) ou combinadas (poliquimioterapia). Sendo esta última a que apresenta resultados mais eficazes, pois consegue maior resposta a cada aplicação, diminui o risco de resistência às drogas e consegue atingir as células em diferentes fases do seu ciclo.
A quimioterapia pode ser indicada como tratamento isolado ou ainda ser feita em conjunto com a cirurgia e a radioterapia, dependendo de fatores como tipo de tumor, localização e estágio da doença.


A classificação da quimioterapia varia de acordo com a finalidade do tratamento:


Curativa - Para se conseguir a irradicação total do tumor.


Adjuvante - Utilizado após cirurgia curativa para prevenção de metástases na em torno da área do tumor.


Neoadjuvante ou prévia - Visa a redução parcial do tumor, preparando para o tratamento cirúrgico e/ou radioterapia.


Paliativa - Não se destina a cura do tumor, busca-se a melhorar a qualidade da sobrevida do paciente.


As drogas quimioterápicas interferem na capacidade de multiplicação das células cancerosas. 
Para cada diagnóstico é definido o tipo e as combinações das drogas a serem administrada ao paciente.
Mas as drogas usadas no tratamento atingem tanto as células doentes como as normais.
As células normais mais afetadas são aquelas que mais rapidamente se dividem, incluindo as de folículos pilosos, gastrointestinal, sistema reprodutivo e medula óssea.
Por se tratar de tratamento em que há agressão tanto de células doentes como sadias, os efeitos colaterais são inevitáveis. entre os mais comuns estão:


• Queda de cabelo
• Feridas na boca
• Dificuldades para engolir
• Náuseas
• Vômitos
• Constipação
• Diarréia
• Infecções
• Anemia
• Aumento de sangramentos


A quimioterapia pode ser administrada de diferentes maneiras. As mais comuns são:


• Intravenosa


É a maneira mais comum. A aplicação do quimioterápico é feita diretamente na veia, normalmente no antebraço, podendo também ser aplicada em qualquer outro local.


• Oral


Método mais cômodo e prático. A medicação, pílula, cápsula ou líquido é ingerido diretamente pela boca.


• Intramuscular


É ministrado o medicamento por injeção, diretamente no músculo do braço ou nádegas. O procedimento é rápido durando apenas alguns segundos.


• Intratecal


Os médicos utilizam o método intratecal como forma de prevenção para alguns tipos de leucemia e linfoma que tem a tendência de se difundir para o sistema nervoso central.
O método consiste em injetar a droga quimioterápica direto no líquido Céfalo Raquidiano, para destruir qualquer célula doente.
Em alguns pacientes, o acesso venoso é muito difícil, sendo aconselhado a implantação de um cateter. 
O cateter é um tubo plástico e fino que é colocado dentro de uma veia, permitindo que o paciente receba toda a medicação do tratamento, sem que precise ser furado todas as vezes que precise fazer as aplicações.


São dois os tipos de cateter utilizados:



• Permanentes: Colocado através de processo cirúrgico, é chamado de permanente por poder permanecer no lugar por meses ou anos. Pode ser semi ou totalmente implantado.


• Temporários: É um acesso temporário de administração da quimioterapia, que funciona da mesma forma do permanente, porém seu tempo de permanência é de alguns dias.





Orientações práticas


• Alimentação: Estar sempre bem alimentado melhora as condições de reagir aos efeitos colaterais e fica-se menos predisposto a infecções.


No caso de sentir náuseas e vômitos, prefira comidas na temperatura ambiente ou ligeramente resfriada, evite alimentos gordurosos e frituras, prefira fazer várias refeições ao dia, em pequenas porções, coma devagar, mastigando bem os alimentos, mantenha a casa sem odor de comida.


• Febre: Durante o tratamento há uma queda nas defesas do organismo, deixando o paciente suscetível a infecções.
A febre é um sinal de possíveis infecções no organismo. Ao primeiro sinal, o médico e a enfermeira devem serem avisados imediatamente para orientar o tratamento adequado.




• Infecções: Prevenir infecções é uma preocupação que todo paciente e as pessoas a sua volta tem que ter todos os dias. Para isso algumas regras básicas devem ser seguidas:


- Lave bem as mãos usando água morna e sabão;
- Evite arranhões ou cortes na pele. Se acontecer, lave o local com sabão branco e água, no caso de cortes, se não for profundo, lave com água oxigenada e cubra com bandaid e avise sempre o seu médico e a enfermeira;


- Não coma comidas cruas ou compradas na rua. Prefira as feitas em casa ou no hospital;
- Crie o hábito de verificar a sua temperatura todos os dias.


• Uso de outros medicamentos


O uso de qualquer medicamento durante o tratamento deve ser autorizado pelo médico responsável. Alguns medicamentos sejam quimícos, homeopáticos ou naturais podem interferir no tratamento.


• Ciclo menstrual



Os quimioterápicos podem alterar a produção de hormônios e causar em algumas mulheres, alteração no ciclo menstrual. Que volta a se normalizar com o fim do tratamento.


Fonte: NACC - Núcleo de Apoio á Criança com Câncer






terça-feira, 13 de outubro de 2009

EMBOLIA POR LÍQUIDO AMINIOTICO

Para entendermos o que causa a E.L.P (Embolia por Líquido Aminótico), temos primeiramente que sabermos o que é a Ruptura de Prematura de Membranas, por isso iremos abordar nessa máteria as duas complicações gineco-obstetricas.

A embolia de líquido amniótico é a obstrução de uma artéria pulmonar da mãe pelo líquido amniótico (o líquido que envolve o feto no interior do útero). Muito raramente, um êmbolo (uma massa de material estranho na corrente sangüínea) formado por líquido amniótico penetra na corrente sangüínea da mãe, geralmente durante um trabalho de parto particularmente traumático com ruptura das membranas.

O êmbolo desloca- se até os pulmões da mãe e obstrui uma artéria. Essa obstrução é denominada embolia pulmonar. Ela pode produzir um aumento da freqüência cardíaca, arritmias cardíacas, colapso, choque ou inclusive parada cardíaca e morte. Quando a mãe sobrevive, a coagulação intravascular disseminada é uma complicação comum e exige tratamento de emergência.

Ruptura Prematura das Membranas


A ruptura prematura das membranas é a ruptura das membranas cheias de líquido que contêm o feto 1 hora ou mais antes do trabalho de parto iniciar. A ruptura das membranas, seja ela prematura ou não, é comumente denominada ruptura da bolsa.

O líquido amniótico (líquido do interior das membranas) sai pela vagina. No passado, quando as membranas rompiam prematuramente, fazia-se o máximo possível para provocar o parto para prevenir a infecção, a qual poderia afetar a mãe ou o concepto. No entanto, isto não é mais necessário porque o risco de infecção pode ser reduzido diminuindo a quantidade de exames ginecológicos após a ruptura das membranas.

Em um único exame com um espéculo (instrumento que separa as paredes vaginais), o médico pode comprovar a ruptura das membranas, estimar a dilatação do colo do útero e coletar líquido amniótico da vagina. Quando o exame do líquido amniótico indica que os pulmões do feto estão suficientemente maturos, o trabalho de parto é induzido (iniciado artificialmente) e o concepto é retirado.


Quando os pulmões do feto não estão maturos, o médico tentará postergar o parto até que eles amadureçam. Em 50% das mulheres, o repouso ao leito e a administração intravenosa de líquidos retarda o trabalho de parto, mas algumas também necessitam de uma droga que inibe as contrações uterinas (p.ex., o sulfato de magnésio intravenoso, a terbutalina subcutânea ou oral ou, raramente, a ritodrina intravenosa).


A mulher é hospitalizada e mantém repouso ao leito, podendo levantar- se para ir ao banheiro. A temperatura e a freqüência de pulso geralmente são verificadas no mínimo 2 vezes por dia. Um aumento da temperatura ou da freqüência de pulso pode ser um sinal precoce de infecção.


Quando a gestante apresenta uma infecção, o trabalho de parto é induzido e o concepto é removido. Se a perda de líquido amniótico cessar e as contrações interromperem a mulher pode ser liberada, mas ela ainda deve fazer repouso ao leito e deve ver o médico pelo menos uma vez por semana.



terça-feira, 29 de setembro de 2009

Doação de Orgãos e Transplante: Um ato de amor e de cidadania


Quem falou que após a morte não existe vida...??? Pois bem quando doamos nossos órgãos estamos doando vida...e trazendo a felicidade a muitas familias e pessoas que necessitam de um sopro de vida. Esclarecendo um pouco sobre doação de orgãos e Transplante:

Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, córnea) de uma pessoa doente (receptor) por outra, sadia, de um doador vivo ou morto.

Em vida, é possível doar um dos rins, parte do pâncreas (menos comum), medula óssea (feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue), fígado (parte dele, em torno de 70%) e pulmão (parte dele, em situações excepcionais).

Após a morte encefálica, podem ser retirados para doação as córneas, coração, pulmão, rins, fígado, pâncreas, ossos, pele, veia safena e três válvulas cardíacas. Um único doador pode salvar ou melhorar a qualidade de vida de pelo menos 25 pessoas.

A morte encefálica significa a parada definitiva e irreversível do cérebro, incluindo o tronco cerebral. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas.

Os órgãos só podem ser aproveitados para doação enquanto ainda há circulação sangüínea, ou seja, antes que o coração deixe de bater. Se ele parar, só poderão ser doadas as córneas. Para verificar a morte do cérebro, são feitos testes neurológicos clínicos – que devem ser repetidos mais de uma vez –,entre outros exames complementares, como eletroencefalograma

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Aguardem....

Novidades no Blog....

Campanha pró-aborto de feto sem cérebro pressiona STF a decidir este ano.

Cartaz e vídeo relançam polêmica em torno de ação que tramita há 5 anos.

Malformação congênita, a anencefalia atinge uma a cada mil crianças.

Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para julgar o direito à interrupção da gravidez de fetos sem cérebro, os grupos a favor e contra o aborto continuam travando uma disputa ideológica nos bastidores. Neste mês, duas organizações de defesa dos direitos reprodutivos da mulher lançaram campanhas que voltam a impulsionar uma controvérsia que já dura no mínimo cinco anos.

A anencefalia é uma malformação congênita que atinge cerca de um em cada mil bebês e leva ao nascimento da criança sem o cérebro. Geralmente, o recém-nascido resiste por no máximo poucos dias.

Foto: Reprodução/CCR

Campanha pretende pressionar judiciário (Foto: Reprodução/CCR)

As campanhas foram criadas pela Cepia - Cidadania, Estudo, Pesquisa e Ação em parceria com o Conselho Nacional da Mulher e apoio da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e pela Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. A primeira traz a imagem de um parto sendo realizado com médicos e gestante vestidos de preto, com a seguinte frase estampada: “Quando o parto é de um anencéfalo o resultado não é uma certidão de nascimento. É um atestado de óbito.”

  • Aspas

    O Supremo tem em suas mãos uma oportunidade única de aliviar o sofrimento de muitas mulheres que se vêem obrigadas a continuar com uma gravidez que não será bem-sucedida"

Já a Anis divulgou nesta semana um vídeono YouTube em que mostra o dilema real de um jovem médico diante da decisão de interromper a gestação de um feto anencéfalo. As campanhas têm o objetivo de levantar o debate sobre o tema e pressionar para que o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 54 seja concluído pelo STF.

A ação - um instrumento jurídico que visa a corrigir a violação de um direito fundamental - foi proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saúde (CNTS). “Nós acreditamos que o julgamento deve ser ainda neste semestre, mas é um tema de grande impacto político e a Corte vai enfrentar outros temas delicados, como a extradição de Cesare Battisti e a união civil de pessoas do mesmo sexo”, diz a antropóloga e diretora da organização, Débora Diniz.


O aborto é permitido no Brasil apenas nos casos de estupro e em que há risco de vida para a gestante

  • Aspas

    Estão tentando aprovar via STF o que não conseguem no Congresso, pois nossos deputados sabem que o povo brasileiro é pela vida"

Nos últimos cinco anos, quatro audiências públicas para discutir o assunto foram realizadas como preparação para o debate no STF.

“Quando examinamos nosso Código Penal, verificamos que poucos países ainda tratam o aborto dessa maneira tão restritiva e tão penalisada”, diz a presidente do CCR, Maragert Arilha. “O Supremo tem em suas mãos uma oportunidade única de aliviar o sofrimento de muitas mulheres que se vêem obrigadas a continuar com uma gravidez que não será bem-sucedida.”


Politização injustificada

Para a presidente do Movimento Brasil sem Aborto e integrante da Comissão de Bioética da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Lenise Garcia, as campanhas só servem para chocar e o debate no Supremo é, na verdade, uma politização injustificada do Judiciário. “É uma imagem muita pesada e agressiva para as pessoas que tiveram filhos anencéfalos”, afirma.

  • Aspas

    Isso é eugenia. Agora é a questão dos anencéfalos, mas depois pode vir a ser qualquer outro problema, como a Síndrome de Down"

Lenise, que também é professora da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a aprovação do aborto nesse caso abriria um perigoso precedente.

O fundador da organização presidida por ela, Jaime Ferreira Souza, concorda. "Isso é eugenia", diz. "Agora é a questão dos anencéfalos, mas depois pode vir a ser qualquer outro problema, como a Síndrome de Down"


Rotina

Débora é uma das autoras de uma pesquisa que revela como os casos de anencefalia são frequentes na rotina dos médicos. Em média, eles atendem 6,5 pacientes nessa condição durante suas carreiras.


O estudo ouviu 1.814 médicos filiados à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Destes, 1.804 revelaram ter atendido casos de mulheres grávidas de anencéfalos nos últimos 20 anos. “Essa é uma realidade dos hospitais e das clínicas”, diz Débora. “A pergunta que nós devolvemos ao STF é: como esse dilema é resolvido nos consultórios?”

Os médicos entrevistados foram responsáveis por 9.730 atendimentos de mulheres com gestações de anencéfalos, 85% delas preferiram interromper a gravidez. No entanto, apenas 3.602 obtiveram a permissão do Judiciário.


A pesquisa não permite inferir quantas tiveram seus pedidos negados pela Justiça. “Hoje nós nem sabemos quantas mulheres sequer vão à Justiça e conseguem resolver com a solidariedade dos médicos ou quantas vão e não conseguem”, afirma. “O que sabemos é que nessa pesquisa uma proporção alta das mulheres queriam abortar, mas não foram à Justiça.”

  • Aspas

    Ninguém mata um excepcional, o mesmo critério deveria ser observado para os anencéfalos"

Para a advogada Tamara Amoroso Gonçalves, ao permitir o aborto no caso de risco para a vida da mãe, o artigo 128 do Código Penal brasileiro, que trata do assunto, ignora que a gestação de um feto anencéfalo coloca em risco a integridade da gestante. A advogada é autora de um levantamentosobre os casos de aborto levados a julgamento nos tribunais estaduais e superiores do país, entre 2001 e 2006.

  • Aspas

    A Lei de Transplantes considera finita a vida quando há a morte cerebral. No caso do anencéfalo, ele não tem o cérebro formado. Por isso se questiona se há uma vida a ser tutelada"

Nesse período, 781 decisões foram proferidas pelo Judiciário. A maior parte dos abortos analisados, 31%, foi resultado de violência contra a mulher. A anencefalia e os casos de malformação foram responsáveis por 7% dos casos. “Há um questionamento se trata-se realmente de uma vida. A Lei de Transplantes considera finita a vida quando há a morte cerebral. No caso do anencéfalo, ele não tem o cérebro formado. Por isso se questiona se há uma vida a ser tutelada”, explica Tamara.


“Aquele que está por nascer já deveria ser considerado um ser vivo”, responde com um ditado romano o coordenador da Pastoral da Família, e bispo de Nova Friburgo, d. Rafael Cifuentes. “Ninguém mata um excepcional, o mesmo critério deveria ser observado para os anencéfalos.”

Fonte: G1 Globo.com